terça-feira, 11 de março de 2014

A saga de um vestido

Como um modelo criado na década 1970 continua atual, aclamado em todo o mundo

A moda é como um espelho que reflete as necessidades e desejos da sociedade. E, ao longo da história, as mulheres foram as cobaias prediletas para as infinitas transformações dos estilos. Nos tempos de realeza, muito ouro; para os burgueses, bastante pano; para a guerra, tecidos sem nobreza; para o trabalho, calças cumpridas. E assim, infinitamente. Pensando nosso século à luz das necessidades do vestir, atravessamos tempos em que a feminilidade foi colocada em segundo plano abrindo espaço para a praticidade.

Mas, quando chegava alguém que lembrava às mulheres como era “se vestir como mulher”, esse criador logo conseguia fortuna e reconhecimento no mundo da moda. Desses, 
podemos citar Christian Dior com seu “New Look” e Diane Von Furstenberg com seu “vestido envelope”. Mas, falando em vestido envelope, é importante lembrar que esse 
ano a peça icônica completa 40 anos desde que a estilista belgo-americana resolveu se inspirar no traje de ensaio das bailarinas para criar um vestido de jersey 
elegante e prática ao vestir.

Primeiro anúncio do vestido envelope de 1974 com Diane Von Furstenberg de modelo


Diane Von Furstenberg na capa da NewsWeek de 1976

Para comemorar a data, algumas celebrações foram preparadas. Uma delas é a exposição Journeyof a Dress, que já passou pelo Brasil e apresenta um rico acervo que conta a história do vestido desde seu nascimento até os dias atuais. Entre as peças estão anúncios da marca, capas de revista, vestidos novos, modelos vintage e muitas fotos de personalidades usando a peça democrática. Além disso, um desfile histórico com várias releituras do vestido envelope foi apresentado durante a última edição do New York Fashion Week, que abre a temporada de prêt-à-porter e se encerrou na última semana.

Na passarela, Diane Von Furstenberg colocou modelos usando versões modernas do WarpDress, nome original do vestido envelope. Trajes ajustados ao corpo, longas e curtas, psicodelicamente estampadas em preto e branco, mas também brincando com tons de laranja e púrpura. Além dessas, exuberantes modelitos em dourado chamaram a atenção do público para a peça que já possui cadeira permanente no closet dos mais diferentes biotiposde mulheres. Entre um e outro, apareciam casacos de pele e calças estruturadas, para os dias em que o humor pedir novos visuais.



Modelo Dourado de Diane Von Furstenberg Outono/Inverno NY 2014/2015

Em tempo de júbilo e comemorações dedicados ao vestido, aos apreciadores de moda fica a lição de que novas ideias são bem-vindas e sempre serão lembradas e revisitadas, já que agregam valor ao mundo do vestuário. Uma roupa precisa, além de enfeitar quem a usa, ter função e se adequar ao cotidiano. Pode ser este o segredo do sucesso de Diane Von Furstenbeg: conseguir unir, com graciosidade e inteligência, a praticidade de uma peça fácil de combinar e vestir com a elegância de um modelo que pode ir ao trabalho e à festa, sem nenhum drama. Todo esse dinamismo dá poder para as mulheres, exatamente como desejava Diane Von Furstenberg já em 1974.


Sobre o autor
Mariana Silva Jornalista, mineira, vegetariana, leitora compulsiva. Entende a moda como um fenômeno multifacetado. Em sua próxima encarnação, tem o objetivo de voltar como Audrey Hepburn em“Bonequinha de Luxo”.

Fonte - Fashionatto