Quando morava em Milão e dividia o quarto com três garotas, a modelo Michelli Provensi, 28, costumava se sentar no corredor para rascunhar histórias em páginas que logo acabavam no lixo. "Tinha vergonha. Escrever não fazia parte daquele universo."
Compartilhou teto com 127 modelos nos dez países em que morou, da Tailândia à França. Mas foi em São Paulo que a catarinense fincou raízes. Manequim desde os 16 anos, ela lança na SP Fashion Week, em outubro, "Preciso Rodar o Mundo", livro em que narra bastidores
da carreira.
As lembranças são várias: faltar ao casting do estilista americano Tom Ford (não sabia quem era) para assistir a um jogo da Copa de 2002, ter sido babá do coelho da dona de uma agência, a pegação no pé quanto às medidas --a certa altura, descobriu que andar era melhor do que pedalar, atividade fazia sua coxa engrossar.
Michelli recorda a história da "Rapunzel do Cazaquistão", menina que se matou, e de outra colega que vivia à base de gelatina.
Mastrangelo Reino e Zé Carlos Barretta/Folhapress
"Nunca gostei da glamorização da profissão. Não vivemos rodeadas de champanhe. Gisele Bündchen só tem uma", diz Michelli, que já desfilou para grifes como a francesa Yves Saint Laurent e a japonesa Yoji Yamamoto.
Para divulgar o livro, lança o clipe de "All the Models in the House", música com pegada rap, escrita por ela. No vídeo, coreografia com 40 colegas, como Carol Ribeiro, e convidados que vão do desenhista Mauricio de Sousa ao cabeleireiro Celso Kamura.